Exmos. Senhores Associados e representantes da Comunicação Social,
Apresento-me hoje perante vós, não para anunciar a minha candidatura, uma vez que esta foi inteiramente assumida antes do início da presente campanha, nem muito menos para apresentar soluções milagrosas, anunciando a poucos dias do final dos prazos legais o aparecimento de investidores misteriosos com a alegada salvação imediata do Boavista.
Aliás, e bem a propósito desta minha intenção de fé, a de querer assumir a presidência do meu clube de sempre, do qual sou sócio há mais de 50 anos, gostaria de deixar bem claro que mais não fiz ao longo destas duas semanas eleitorais por duas razões: impeditivos pessoais e alguma falta de interesse de uma boa parte dos órgãos de informação, que diariamente publicavam todo o tipo de notas relativas à campanha do meu opositor, não em seu nome, mas em nome da instituição Boavista, mas que, vá lá saber-se porquê, pouco ou nada deixavam que eu dissesse, acabando por não lutar com as mesmas armas e não ter possibilidades de esclarecer quem mais interessava ser esclarecido: os sócios que amanhã vão às urnas decidir o futuro do clube.
No que a esse futuro diz respeito, considero de todo lamentável que ainda haja quem promete, promete e só promete. Não deixa de ser curioso, e bastante pertinente até, que parece uma vez mais que vender ilusões é a palavra de ordem. Acham possível prometer tanto? Espero que os sócios que amanhã vão votar, e gostaria de pedir a todos uma afluência em massa, até porque seria uma das maiores provas de vitalidade do Boavista, ponham a mão na consciência e meditem no seguinte: conseguirá quem tanto promete e nada fez arranjar em 20 dias aquilo que não teve competência para arranjar em 20 meses?
O Boavista é um clube com história, mas essa história não é apenas uma recordação dos bons momentos. Há uma parte da história, a mais recente, que parece ter sido apagada, como se não existisse. É falso! Essa história existe e não pode continuar a ser branqueada, por muito que alguns, que de Boavista não demonstraram grande coisa, nisso continuem a insistir e a trabalhar.
Em pouco menos de dois anos, fomos da mais importante competição desportiva do País, à segunda divisão, que no fundo é o terceiro escalão do futebol português. E ao que tudo indica, poderemos não ficar por aqui… Os responsáveis pela situação calamitosa a que o nosso Boavista chegou parece que são invisíveis: houve descidas de divisão, sonegaram documentação a auditorias e muito mais que me escuso agora a revelar.
Está na altura de tudo isto mudar. Não tenho na manga a solução para arranjar os 70 ou 80 ou 100 milhões que sejam, assim como não tenho na manga a solução para ficar em primeiro no campeonato e ganhar tudo. Se me permitem, nem na manga tenho o milagre de impedir uma participação nos campeonatos distritais. O que tenho é um projecto alternativo, gente capaz, vontade de salvar o Boavista e a determinação e desejo de evitar que o clube se afunde mais, ou mesmo que desapareça.
Tentarei jogar na segunda divisão, poderá haver solução para isso, mas não inscrevi o clube nos distritais, nem apareci durante quase dois anos com milagres que, como todos viram, não aconteceram. Termino com uma questão que gostaria de deixar aos nossos sócios: preferem votar nos vendilhões de ilusões ou em quem está, de facto, e de forma humilde, a pôr todas as cartas na mesa? O Boavista clama por mudança. A minha promessa é essa mudança. A minha promessa é salvar o clube, vendo quais as soluções possíveis e tendo a coragem de apontar os responsáveis pelo actual estado de coisas. Votar em mim é ter futuro, mesmo com um presente sombrio. Votar no meu opositor é mais do mesmo, é descer cada vez mais, é prometer o que nunca houve é hipotecar este futuro que desejamos, ou talvez mesmo matar o clube. Não deixarei o Boavista morrer, e apelo ao coração e sensibilidade de todos. Ponham a mão na consciência, vejam bem o que vos fizeram e votem amanhã… o que vocês decidirem nas urnas será aquilo que nos espera daqui para a frente.
A minha candidatura soube de fonte segura que o meu oponente irá aparecer com a solução “milagrosa” para resolver os problemas do clube. Se for verdade não deixa de ser curioso que apareça ao final da tarde do último dia de campanha : estamos claramente perante mais uma manobra eleitoralista.
Compete aos sócios avaliarem e julgarem este tipo de manobras, que, num passado recente, trouxeram o nosso clube aos noticiários televisivos e às primeiras páginas dos jornais pelas piores razões. O Boavista foi alvo de uma tentativa de burla por parte de um pseudo-investidor que prometeu milhões para os nossos cofres. Lembro que o presidente ainda em exercício e actual candidato da Lista A fazia parte da direcção que deu o seu aval a semelhante figura.
Estou aqui também para impedir que página tão negra volte a escrever-se na história desta agremiação centenária. Por isso, posso revelar que a minha candidatura tem contactos para, no caso de vitória, reunir os apoios necessários que garantam o rápido regresso ao escalão maior do nosso futebol àquele que foi o primeiro campeão nacional do século XXI. Mas tudo isto numa base realista, sem prometer este mundo e o outro, tendo como base apenas uma certeza: um grande amor clubístico.
Os sócios sabem com toda a certeza quem é que joga limpo e quem é que faz bluff.
Viva o Boavista!